Rio de Janeiro-RJ: Ato contra LGBTfobia é realizado após atentado em Orlando
Na sexta-feira, dia 17, foi realizada uma manifestação de LGBT's e apoiadores da causa no centro do Rio de Janeiro. Chamados por um evento no facebook, cerca de 100 pessoas concentraram-se na Candelária a partir das 16 horas e saíram em direção à ALERJ às 18 horas. Palavras de ordem contra o Estado LGBTfóbico foram puxadas pelos manifestantes, que também pediram o fim da Policia Militar e gritaram contra a Rede Globo.
Em homenagem aos mortos em Orlando, todas as vítimas foram lembradas pelos manifestantes, que após a contagem deitaram-se no chão representando a opressão diária que a comunidade LGBT sofre.
O ato também contou com a presença de mulheres engajadas na luta contra a misoginia e o patriarcado, focando também na questão das lésbicas e das bissexuais.
CASO DE ORLANDO
Em uma boate gay em Orlando, nos EUA, 49 pessoas foram assassinadas e 53 ficaram feridas durante um massacre orquestrado por um homem, no dia 12 deste mês. O caso ganhou uma enorme repercussão em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde a LGBTfobia tem grandes representantes no governo e os crimes de ódio são aplaudidos por uma parcela da sociedade.
Na mídia corporativa, muito se falou em terrorismo Islâmico, deixando de lado questões importantes como a liberação do porte de armas - questão de suma importância nos EUA - e a própria homofobia.
Para fazer a chacina, o atirador utilizou um fuzil AR-15, um dos fuzis de assalto mais utilizados em atentados nos Estados Unidos. Uma pesquisa da NSSF estima que cerca de 5 a 8 milhões de fuzis pertencem a civis nos Estados Unidos.
Além da questão armamentista, a motivação homofóbica do crime foi deixada de lado pela grande mídia, que insistiu em criminalizar os muçulmanos e propagar discursos de xenofobia. Em alguns portais de notícia na internet, pessoas comemoraram o massacre contra os LGBT, propagaram mais discurso de ódio, ou até mesmo negaram a intenção LGBTfóbica do atirador, comprando a versão xenófoba da mídia.
HOMOFOBIA NO BRASIL
No dia 10, dois dias antes do caso de Orlando, dois professores foram assassinados e tiveram seus corpos carbonizados dentro de um carro em Santaluz, Bahia, mas não ganhou notoriedade na mídia ou redes sociais. Os professores saíram do colégio estadual em que trabalhavam e poucas horas depois o carro queimado foi encontrado. Uma manifestação conseguiu reunir centenas de pessoas, nessa cidade que possui aproximadamente 30mil habitantes.
No Brasil, cerca de cinco casos de homofobia são registrados diariamente, o que não necessariamente corresponde a quantidade exata de denúncias, já que muitas vítimas não fazem a ocorrência. Os dados são alarmantes, e diariamente o discurso LGBTfóbico é reforçado por setores conservadores da sociedade. O pastor Marco Feliciano, deputado federal pelo estado de São Paulo, publicou em seu twitter quanto ao massacre que a comunidade LGBT estaria se aproveitando da situação para levar sua causa adiante. O Estado se mostra ineficiente em combater a LGBTfobia, assim como em diversas questões de discriminação.
Os casos de assassinatos por LGBTfóbia no Brasil são quase 7 vezes superior às mortes de Orlando. O Brasil é um dos países que mais mata transexuais no mundo e quase nada é noticiado nas redes sociais ou na mídia. Os discursos de ódio raramente levam à alguma punição pelo estado, onde, inclusive, deputados e políticos no geral, entre outros, não se sentem coibidos de incentivar o preconceito e mesmo a violência.