Rio de Janeiro-RJ: Ato unificado dos trabalhadores denuncia precarização em prol das olimpíadas
Nesta quarta-feira, dia 6 de julho, trabalhadores de diversos setores e estudantes organizaram uma grande manifestação repudiando os gastos com as olimpíadas, os atrasos nos salários dos servidores públicos do Rio de Janeiro e a precarização do setor público. O ato começou por volta das 15 horas na Candelária e terminou na Prefeitura por volta das 19 horas.
Na praça da Candelária, policiais militares fizeram revistas truculentas e intimidaram manifestantes, recebendo vaias dos demais presentes na concentração do ato. Na última manifestação a Polícia Militar também agiu com truculência, ferindo manifestantes.
O protesto saiu por volta das 16 horas, sentido Central do Brasil. Alguns manifestantes carregavam fotos da repressão policial ao último ato da educação no TJ-RJ, repudiando a ação. Diversas faixas e cartazes expressavam o descontentamento popular com a priorização das olimpíadas junto ao descaso às necessidades da população do Rio de Janeiro.
Recentemente, o estado do Rio de Janeiro entrou oficialmente em calamidade pública, sendo lançada uma nota do governo explicitando a preocupação prioritária com o evento. O governo estadual foi duramente rechaçado pelos manifestantes, que gritavam não só contra Pezão e Dorneles, mas também contra a própria Polícia Militar, cujo papel tem sido de agir contra as mobilizações populares que vem surgindo na cidade.
Na altura da Central do Brasil, um grupo de estudantes queimou uma bandeira da AERJ e músicas repudiando também a ANEL, UBES, UJS e RUA foram cantadas. Tais siglas são de entidades estudantis ligadas à partidos políticos que, segundo participantes das ocupações, tentaram utilizar o movimento #ocupa de forma oportunista, capitalizando para fins eleitorais.
Algum tempo depois, uma bandeira do Estado do Rio de Janeiro também foi queimada em meio a gritos de incentivo dos demais manifestantes ao redor. Desde o começo da greve e das ocupações, estudantes e professores vem sofrendo perseguições do Estado, além do fortalecimento do projeto de precarização do ensino público.
O ato seguiu sem confronto até a prefeitura, no entanto, após os manifestantes terem começado a se dispersar, um grupo entrou em confronto com a polícia, resultando em seis pessoas detidas. Um dos detidos foi acusado de portar três tesouras pelos policiais militares que o abordaram, no entanto, durante o momento da revista de sua mochila pelos próprios policiais, nenhuma tesoura foi encontrada. As tesouras apareceram apenas depois, na mão dos policiais. Apesar da versão dos policiais militares, na delegacia, ficou evidente a tentativa de se forjar provas e o rapaz foi liberado sem nenhuma acusação.
Quatro meninas que foram detidas vão responder por depredação do patrimônio público. Elas foram abordadas por um policial militar enquanto esperavam um ônibus na avenida Presidente Vargas. Como mostram imagens do vídeo acima.
Houve a tentativa de enquadrar as quatro meninas na lei antiterrorismo, sancionada pela Presidenta Dilma, que permite punições muito severas e redução de direitos, prevendo de 12 a 30 anos para crimes qualificados de terrorismo, além de outras qualificações de punição. Tal lei vem atender às cobranças de tipificação para o crime de terrorismo feitas pela GAFI (Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo) e sendo criticada por abrir brechas para criminalizar manifestações sociais.
Esse tipo de criminalização é muito preocupante, pois eleva a um alto grau de repressão às contestações populares contra os governos, em uma tentativa de impedir qualquer protesto. Vale lembrar que o estado do Rio de Janeiro anunciou que vai cortar o ponto dos professores que continuarem na greve e a sociedade vem sofrendo com cortes de direitos, atrasos salariais e precarizações diversas, ao mesmo tempo que bilhões são gastos em mega eventos internacionais.