Rio após Intervenção tem 1299 tiroteios e 294 mortos, e Marcus Vinicius é um deles.
Na quinta-feira, dia 28 de junho, centenas de pessoas se reuniram na Cinelândia para uma manifestação em homenagem ao Marcus Vinicius, menino de 14 anos assassinado pela polícia na Maré, e contra o genocídio da população negra e periférica.
A manifestação contou com a presença da mãe do menino que, segurando seu uniforme escolar manchado de sangue, fez um discurso bastante emocionada. Entre outras coisas, denunciou a atuação da polícia, dizendo que a comunidade é tranquila geralmente, e a violência começa quando há operação policial. Também disse que o problema não é só a Polícia Militar, uma vez que quem realizava a ação no momento em que Marcus foi atingido era a Polícia Civil, em conjunto com as Forças Armadas.
Outras mães que perderam seus filhos para a violência gerada pela guerra às drogas estavam presentes e fizeram discursos. O protesto contou com uma linha de frente formada por elas, com faixas e cartazes.
O ato fez uma breve parada no Fórum, passando depois pela ALERJ, e terminando na Candelária. Durante o trajeto, alguns policiais militares, na intenção de intimidar os manifestantes, colocaram máscaras e capuzes e formaram um cordão ao lado do protesto. Houve um certo temor por parte dos presentes no local que houvesse algum tipo de repressão, uma vez que a tática de cobrir o rosto é comumente usada pela PM em atos para dispersá-los.
Apesar disto, a manifestação foi pacífica e denunciou a intervenção militar em curso no Rio de Janeiro, a morte de Marielle e a falta de culpados, a morte de diversas pessoas moradoras de favelas executadas pela polícia e homenageou estes mortos.
Intervenção em curso
Dados do laboratório Fogo Cruzado apontam que o número de tiroteios no Rio de Janeiro subiu de 1299 - nos dois meses que antecederam a intervenção - para 1502 - em dois meses de intervenção. Além disso, 294 pessoas morreram e 193 ficaram feridas. Houve também um aumento no número de chacinas. Desde o começo da atuação das forças armadas, houveram 12 chacinas com 52 vítimas, como por exemplo a que ocorreu em Maricá, matando 5 jovens produtores de uma roda de rima na região.
Os dados mostram que a violência urbana usada como justificativa para a intervenção federal não só continuam, como aumentaram com a atuação do exército. A morte de Marcus Vinicius é mais uma na conta da política falída de guerra às drogas e criminalização da pobreza do governo estadual e federal.