Qual Será o Futuro do Ensino Superior com o Future-se?
O que está por trás da narrativa de “liberdade econômica” vendida pelo governo federal para justificar a reforma anunciada para o ensino superior? Qual o projeto de educação ao qual serve o programa que o Ministério da Educação, com Weintraub à frente, quer implantar nas universidades federais do país? Quais riscos estamos correndo?
Primeiramente, é preciso entender a linha de liberdade econômica defendida pelo governo. Paulo Guedes e Weintraub trabalham na defesa de um projeto político que garante cada vez mais poder econômico, político e social às instituições e empresas privadas em detrimento do setor público. Por que isso é ruim? Bem, instituições privadas servem aos interesses de quem as comanda. Ou seja, garantir mais poder ao setor privado é, necessariamente, dar preferência aos interesses pessoais de grandes empresários em detrimento dos interesses da população. E quando esse quadro se dá no âmbito da educação, se torna ainda mais perigoso.
Liberdade econômica, neste caso, seria outra expressão, mais delicada, para sucateamento. Basicamente, o projeto retira do governo a necessidade de financiar as universidades e coloca a responsabilidade de capitar recursos nas próprias instituições. Em palavras mais simples, seria algo na linha do “sucatear para privatizar.” Ou seja, o projeto Future-se sinaliza a possibilidade do fim da educação superior pública.
Uma das consequências dessa política seria a necessidade, por parte das universidades, de começar a cobrar mensalidade dos estudantes. Então o objetivo do governo não é fechar as universidades públicas, mas garantir que elas sirvam a determinados interesses e que sejam cada vez mais elitizadas. Em outras palavras, retirar os mais pobres da academia e mantê-la como um instrumento de mercantilização e manutenção do status-quo, retirando todo o caráter contestatório da ciência, o que explica os recentes ataques às ciências humanas.
O projeto Future-se representa a clara mercantilização da educação e da ciência em seu extremo. Caminha no sentido oposto a um projeto de educação realmente inclusivo e popular, que inclusive nós não estamos nem perto de ter. Temos, no Brasil, um ensino superior ao qual pouquíssimas pessoas têm acesso, e em vez de trabalhar no sentido de garantir cada vez mais a popularização da educação, o governo está fazendo reformas no caminho oposto. O da elitização total da academia e cooptação da ciência e da educação para fins privados.
Ver este projeto ser implementado é ver o sonho de uma Ciência popular e a serviço da classe trabalhadora ser um sonho cada vez mais distante. É a intensificação brutal da elitização da academia. A quem servirá a Ciência? A quem pagar por ela. Quem poderá produzir conhecimento? Quem tiver dinheiro para isso. Quem poderá adquirir conhecimento? Quem pagar por isso.
Temos problemas muito claros no nosso modelo educacional, que engloba a educação superior. A exclusão, a difícil acessibilidade, o elitismo, o baixo investimento e demais fatores que tornam a vida do estudante de origem pobre dificílima. As reformas do governo não vem para resolver esses problemas, mas pelo contrário, aprofundá-los a um nível que será impossível para esse estudante continuar no seu curso. E ela vem junto com um pacote. Reforma da previdência, reforma trabalhista, reforma do Ensino Médio, PEC dos gastos. É um pacote de ataque direto aos direitos trabalhistas, estudantis e que se combina com a tendência à informalização do trabalho e ao desemprego.
O futuro? Já podemos prever. Fome, miséria, morte, violência, desigualdade, injustiça social. A intensificação de todos esses indicadores é o futuro que nos aguarda. É isso que o governo quer dizer quando fala “future-se.”
Escrito por Zero.